Poemas Perdidos: Vida
O peso de um pensamento na juventude
Escrevi este poema numa fase em que a vida apresentava-se carregada de incertezas e medos. Um mundo onde parecia não haver lugar para mim. O presente era incómodo. O futuro não entusiasmava e parecia que vivia numa constante fuga. Tinha dezasseis anos, sentia que estava no curso errado e o caminho que via à minha frente parecia predefinido. Sentia-me aprisionado pela falta de motivação e pelo medo de agir com determinação. Precisava de um escape, de um meio para exprimir a frustração adolescente e imatura. Inspirado pelas obras de Fernando Pessoa e Antero de Quental, arrisquei o meu primeiro poema.
Vida
Vida,
Vida minha, vida tua,
Vida nossa, vida vossa.
Viajamos neste barco
De velas rasgadas e inúteis
Talvez ao acaso, talvez com rumo certo.
Choro, berro e grito.
Mas não odeio a vida que vivo.
Porquê?
Pergunto ao quarto escuro onde jazo.
Ninguém responde,
Ninguém existe.
Ninguém existe no quarto.
No quarto escuro,
Escuro quarto.
E, no entanto, não estou só.
O sonho consola-me,
Ou serei eu que o sustento?
Sim, ele está partido.
E eu?
Estarei inteiro?
Explorando o tema do poema
O poema reflete um sentimento de isolamento, mas não de completa desistência. Há um conflito entre o desespero e a esperança. Uma luta silenciosa entre a sensação de vazio e a busca por algo que mantenha a vida a fluir. O “sonho” surge como uma âncora frágil, algo que pode tanto confortar como depender de nós para existir.Na altura, o ‘sonho’ não representava um desejo de ser poeta ou escritor. Eu ainda não sabia o que queria. O que eu mais desejava era liberdade sem medo, ser, fazer e assumir uma posição no mundo.
Olhando para trás, olhando para agora
Se voltasse no tempo, diria ao jovem que escreveu estas palavras que a maturidade traz muitas respostas, mas também novas questões! Diria que sim, é o “sonho” que nos sustenta se o deixarmos viver em nós.Mas há algo neste poema que ainda reconheço: essa interrogação final. Estarei inteiro? Provavelmente, essa é uma pergunta que nunca nos abandona verdadeiramente. Quem sabe? Talvez a resposta mude ao longo da vida…
E tu, já te sentiste assim? Já olhaste para trás e viste em palavras antigas um reflexo do que foste e do que és?
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