Poemas Perdidos: Caos

 


Quando o mundo perde o ritmo

Este poema nasceu num momento de saturação mental e emocional. Não foi escrito num dia específico, mas num estado contínuo de confusão interior. Na altura, sentia-me constantemente pressionado pelos acontecimentos à minha volta — como se a vida não me desse espaço para respirar.
A palavra “caos” não era apenas uma descrição — era uma presença. Um ruído de fundo constante que se misturava com dúvidas, contradições e uma espécie de cansaço existencial.
Não procurava respostas. Queria apenas reconhecer o que sentia. E escrever foi a forma mais honesta de o fazer.


Caos

O que é o caos?
Caos completo?
Quando a vida nos atropela
E não há fuga possível.
Quando os dias correm
Num ritmo que não conseguimos seguir,
É o caos.
É o caos
Quando já não sabemos o que pensar,
O que sentir,
E o que pensamos ou sentimos
Já não diz nada —
Ou diz tudo ao mesmo tempo.
Caos.
Apenas isso.
Não me falem com ironias,
Nem com mentiras,
Nem com hipocrisias.
O caos que aqui se desenrola
Morou, mora…
E, temo, ainda morará.


Explorando o tema do poema

Este poema fala de uma experiência comum, mas difícil de nomear: quando tudo acontece ao mesmo tempo, e deixamos de saber como reagir. O caos, aqui, não é uma explosão — é um estado prolongado de sobrecarga, confusão e exaustão.

A repetição do termo reforça o seu peso e transforma-o quase numa entidade: o caos como algo que vive connosco, que se instala, e que não se deixa ignorar.
É também um poema de denúncia: recusa as ironias, as hipocrisias, a falsidade que muitas vezes rodeia quem está a atravessar momentos difíceis.


Olhando para trás, olhando para agora

Hoje, diria ao jovem que escreveu estes versos que a confusão que acompanha a adolescência é brutal e intensa, mas ainda assim essencial. É uma adaptação constante e avassaladora em que sentidos e emoções tendem a atropelar-se e a dar um nó, difícil de desenvencilhar. Contudo, é do caos que surge a ordem e é da multiplicidade de trajetos que se palmilha um caminho.
Dir-lhe-ia também que o caos tende a acalmar com a vida adulta e que isso também acarreta os seus perigos. É do caos que nascem as perguntas, o desconforto que gera mudança e a honestidade de admitir que não entendemos tudo.
Por fim, aconselhá-lo-ia a aprender com a fraqueza e a vencer pela nobreza de admitir que, às vezes, precisamos de ajuda. Não precisamos enfrentar o caos sozinhos, e reconhecer isso… é crescer com sabedoria!


E tu? Já te sentiste assim? Como lidas com o caos quando ele bate à porta?

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