Crónicas Reflexas: Deixados Para Trás
Para uma melhor compreensão é aconselhada a leitura do conto Clác!.
Deixados para trás
O que acontece quando algo ou alguém é esquecido? Será que a sua história realmente termina? No conto “Clác!”, não é apenas uma máquina de escrever que é restaurada. O homem que a repara, sem se aperceber, é ele mesmo consertado.
Existe um paralelismo evidente entre os dois personagens marcado sobretudo pelo sentimento de obsolescência. A nostalgia e o valor das coisas antigas são uma reflexão bem presente ao longo de todo o texto.
O perigo de nos tornarmos antiquados
Tal como acontece com a velha Royal Quiet Deluxe, o perigo de nos tornarmos antiquados é uma parte bem real das nossas vidas. Basta lembrar todas as profissões que, ou foram substituídas, ou estão em risco de se extinguir.O avanço da tecnologia tem um custo.
✔Se antes uma máquina de escrever era vista como uma revolução, hoje tornou-se apenas um objeto de coleção, um adorno para os mais saudosistas.
Infelizmente, não são apenas os objetos a serem esquecidos, mas também são as pessoas a serem deixadas para trás.
Quando a utilidade define o valor
Vivemos num mundo onde a utilidade define o valor. Quando algo já não parece ter função, é rapidamente descartado.✔Mas, e as pessoas? Quantas vezes somos postos de lado, substituídos por algo ou alguém que parece mais eficiente?
Não me refiro apenas de uma perspetiva de emprego. Até mesmo nos relacionamentos, tantas vezes somos substituídos por terceiros.
A culpa não é só dos outros.
✔Quantas vezes não abandonamos ou esquecemo-nos de algo?
Colocamos o assunto numa caixa bem arrumada nos confins da memória.
Damos um valor a um objeto ou a uma pessoa, e quando parece ter desvalorizado, deixamos de o considerar como um ativo benéfico.
Reflexão final
Acredito ser possível elevarmo-nos, se fizermos as perguntas certas:- Será que algo que julgamos ultrapassado ainda tem um papel a desempenhar?
- Quantas vezes descartamos algo (ou alguém) sem reconhecer o seu verdadeiro valor?
- Todos somos parte do problema. Podemos ser, contudo, parte da solução; se assim o quisermos.
É bem possível que o bibliotecário tenha apreendido a maior lição da sua vida:
“Antes, eras uma engrenagem. Agora, és uma história. Há um lugar para todos… mesmo para aqueles que julgamos não ter nenhum.”
Um novo começo
Todos podemos renascer. Cada um tem a sua história e haverá sempre uma página em branco à nossa espera.Se até uma máquina de escrever esquecida pode reencontrar o seu propósito, por que não haveríamos nós de fazer o mesmo?
✔Nada se perde, tudo se transforma – já dizia Lavoisier.
Clác!
Tal como a velha Royal Quiet Deluxe, já sentiste que o teu valor foi esquecido? Como encontraste um novo propósito?
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