Crónicas Reflexas: Quebrar o Ciclo
Para uma melhor compreensão é aconselhada a leitura do conto O Paradoxo da Gaivota.
Três olhares sobre o mesmo erro
Quantas vezes desejamos poder retroceder e fazer diferente? Talvez não mudar tudo, mas aquele detalhe, aquele gesto impensado, aquela palavra que saiu torta. Em “O Paradoxo da Gaivota”, esse desejo ganha corpo mediante uma narrativa em três vozes e duas realidades.
O conto apresenta-nos três personagens distintos que, sem o saberem, vão cruzar-se num momento marcante. Rita, uma criança fascinada por um balão vermelho. Ernesto, o vendedor atento, dividido entre o negócio e o instinto de proteção. Gaivota, um ladrão nervoso que toma uma decisão com mais impacto do que imagina.
Três formas de ver o mundo, três intenções diferentes, no entanto, um mesmo resultado: uma tragédia.
Preso na Espiral
Na segunda parte do conto, o mundo parece recomeçar. Gaivota vive novamente o mesmo momento, com ligeiras variações. Como um eco da realidade anterior, tem a oportunidade de fazer diferente. Mas as repetições mostram-nos que não basta voltar: é preciso coragem para mudar.“ No final de tudo, eu fui o único responsável por esta confusão. Os meus perseguidores, a pessoa que me distraiu quando passei a ponte e embati na menina… Nas várias tentativas de me impedir acabei por ser o causador da minha própria destruição. “
Quantas vezes sentimos que falhámos com alguém?
Que podíamos ter sido mais atentos, mais presentes, mais justos?
Aprender a lição
A vida raramente nos dá uma segunda oportunidade tão clara como a que Gaivota teve. Mas todos os dias podemos fazer melhor com aquilo que aprendemos.
Repetir incansavelmente as mesmas ações têm sempre o mesmo resultado. O truque está em aplicar e desenvolver aquilo a que, pouco e pouco vamos a perceber. A maneira como a vida gira é um mecanismo complexo e confuso. Não saber o resultado do que praticamos também não ajuda em perceber o mistério do que é agir bem.
É nossa responsabilidade alinhar as decisões com base nas consequências do passado.
Vivemos num ciclo, e que bom era se esse ciclo fosse cada vez mais perfeito. Enfim, fazemos o que pudemos, mas meditar, relembrar e ajustar conforme o que experimentamos é um passo útil para sairmos do labirinto.
"O Paradoxo da Gaivota" recorda-nos que os nossos atos têm peso, mesmo quando parecem pequenos. Que cada cruzamento com o outro pode ser mais profundo do que imaginamos.
E que a verdadeira redenção exige consciência, arrependimento e a escolha ativa de fazer diferente.
E tu? Se pudesses repetir um momento da tua vida, qual escolherias? E o que farias de forma diferente?
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