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Crónicas Reflexas: Quebrar o Ciclo

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Para uma melhor compreensão é aconselhada a leitura do conto    O Paradoxo da Gaivota . Três olhares sobre o mesmo erro Quantas vezes desejamos poder retroceder e fazer diferente? Talvez não mudar tudo, mas aquele detalhe, aquele gesto impensado, aquela palavra que saiu torta. Em “O Paradoxo da Gaivota”, esse desejo ganha corpo mediante uma narrativa em três vozes e duas realidades. O conto apresenta-nos três personagens distintos que, sem o saberem, vão cruzar-se num momento marcante. Rita, uma criança fascinada por um balão vermelho. Ernesto, o vendedor atento, dividido entre o negócio e o instinto de proteção. Gaivota, um ladrão nervoso que toma uma decisão com mais impacto do que imagina.  Três formas de ver o mundo, três intenções diferentes, no entanto, um mesmo resultado: uma tragédia. Preso na Espiral Na segunda parte do conto, o mundo parece recomeçar. Gaivota vive novamente o mesmo momento, com ligeiras variações. Como um eco da realidade anterior, tem a oport...

Baú de Contos: O Paradoxo da Gaivota - Capítulo 3 [Redenção]

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  Capítulo 2 👈 Capítulo 3  Redenção A respiração arfante trouxe Gaivota à realidade uma vez mais, mas desta vez ele permaneceu com os olhos fechados. Tinha medo de abri-los. Não fazia ideia de onde estava, mas um vento que soprou ligeiro bateu na sua face de uma maneira demasiado habitual para que continuasse na dúvida. Abriu os olhos: estava em pé, envolto pelo colorido das tendas e pelo barulho das várias atrações que se espalhavam pela feira. Um balão vermelho atravessou o seu olhar, provocando um arrepio que eriçou o pelo dos seus braços. Temeroso, olhou para as costas da sua mão esquerda. O algarismo zero brilhou por instantes antes de desaparecer completamente. Apenas a gaivota, agora com as asas bem abertas, permanecia. Estava em frente à banca do algodão-doce e, quase sem dar conta, percebeu que remexia a algibeira, segurando a ponta e mola que girava nervosamente entre os seus dedos. Esperou um pouco, mas nada aconteceu: nenhuma outra versão de si, nenhum grit...

Baú de contos: O Paradoxo da Gaivota - Capítulo 2 [Na Espiral Reversa]

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  Capítulo 1 👈 Capítulo 2   Na espiral Reversa Gaivota abriu os olhos. Antes que algum pensamento se formasse, tudo à sua volta começou a movimentar-se com extrema rapidez. A sua cabeça foi levantada do chão, como por uma mão invisível, e o seu corpo atirado ao ar em rodopios até colidir com a frente de um carro. Perante o seu espanto, logo após o embate, começou a correr às avessas e ainda reparou na frente intacta do veículo que o atropelara. Tudo estava em reverso e numa velocidade antinatural. Em questão de segundos, recuou até à ponte, onde experimentou novamente o rebolar no chão com o homem e o encontrão com a criança. A velocidade era tal que não conseguiu sequer rever os acontecimentos; apenas viu as imagens a fugir de si até ser atirado para o chão. Respirou fundo, como se estivesse a sentir o ar a entrar nos pulmões pela primeira vez. Estava deitado e, à sua frente, o céu azul estendia-se pelo infinito. Estendeu a mão numa tentativa de se proteger do brilho...

Baú de Contos: O Paradoxo da Gaivota - Capítulo 1 [Três Perspetivas de um Balão Vermelho]

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  Capítulo 1 Três perspetivas de um Balão Vermelho Um deslumbrante balão vermelho escapou por entre os dedos de Rita, devido à força do vento que decidiu pregar uma partida naquela tarde quente e ensolarada de verão. A criança, surpreendida, limitou-se a acompanhar o seu voo por cima das barracas e roulotes que se estendiam em redor da feira popular. A miúda era do tipo que não aceitava aquilo que não havia pedido e, por isso, bufando e estendendo os braços na direção do balão, correu. Os seus cabelos loiros esvoaçavam por entre a multidão como um cometa a furar um campo de asteroides. Vou apanhar-te!, pensou ela quando avistou novamente o balão entre o topo de duas tendas. Mas o avistamento de nada serviu; estava completamente fora de alcance. Resignada, colocou os braços nas ancas e contemplou uma última vez o já pequeno ponto vermelho que mal se distinguia num céu pintado de um azul magnífico. — Nada a fazer! — disse para si mesma com uma careta aborrecida estampada no rosto e t...